Campanha vence prestigiado prémio Europeu

27-nov-2023

Num reconhecimento significativo do esforço em criar uma ponte entre a ciência e o público, a campanha “Conversas com Cientistas: Décadas de Ciência para Dias de Vacinas contra a COVID-19” foi galardoada com o prémio de Melhor Campanha Europeia 2021-2023 pela União Internacional de Sociedades Imunológicas (IUIS) e pela Federação Europeia de Sociedades de Imunologia (EFIS) durante o congresso IUIS de 2023, a 27 de novembro na África do Sul.

Lançada durante a Semana Europeia da Vacinação em abril de 2021, a campanha foi um esforço colaborativo entre a COLife, uma aliança entre seis instituições de investigação das ciências da vida localizadas nas regiões de Lisboa e Oeiras, o i3S no Porto, a Sociedade Portuguesa de Imunologia (SPI) e a Ciência-Viva - Agência Nacional da Cultura Científica e Tecnológica. Ao longo de dez dias, 121 cientistas de várias instituições portuguesas participaram em cerca de 400 sessões, alcançado públicos de todos os cantos de Portugal e estendendo o alcance digital a Timor Leste e São Tomé e Príncipe.

Como explica Marta Moita, uma das organizadoras da campanha e Investigadora Principal na Fundação Champalimaud, “o principal objetivo foi desmistificar o rápido desenvolvimento das vacinas contra a COVID-19, respondendo às preocupações e perguntas comuns do público”. “Em Portugal, após um período inicial de grande entusiasmo em torno das vacinas, seguiu-se um período marcado pelas dúvidas sobre a sua eficiência e segurança. Ao colocar os cientistas em contacto direto com a sociedade, a campanha contribuiu para clarificar alguns preconceitos e promover o processo de vacinação”, acrescentou Helena Soares, co-organizadora da campanha, membro da equipa de Direção da SPI e Investigadora Principal na Nova Medical School.

Os cientistas interagiram com mais de 10,000 pessoas, predominantemente jovens, discutindo os meandros do processo científico e as diferenças entre ciência aplicada e ciência fundamental. O diálogo promoveu o esclarecimento sobre como décadas de investigação científica culminaram na rápida criação de vacinas seguras e eficazes contra a COVID-19. “De modo a melhor preparar os cientistas para estas interações, os organizadores da campanha desenvolveram diversos materiais de apoio, desde FAQ’s a apresentações, disponibilizando ainda workshops tanto sobre conhecimento científico como sobre técnicas de comunicação. Acredito que este apoio tenha sido fundamental para o impacto que a campanha obteve.”, destacou a co-organizadora Inês Domingues, Coordenadora do Gabinete de Comunicação no Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes (iMM).

Realçando a importância das vacinas na luta contra a pandemia, a campanha promoveu sessões online que aprofundaram  temas como o mecanismo de ação das vacinas e o seu  papel protetor. Estas sessões, realizadas entre 20 e 30 de abril de 2021, foram desenvolvidas para uma audiência variada, incluindo público geral, escolas e grupos e associações civis. “A enorme resposta e adesão, com cerca de 400 sessões agendadas em menos de 48 horas demonstrou a vontade da sociedade em conversar e interagir com os cientistas sobre este tema”, apontou a co-organizadora Catarina Ramos, Coordenadora do Gabinete de Comunicação, Eventos e Outreach da Fundação Champalimaud.

Organizada como resposta à necessidade de informação fidedigna, a campanha evidenciou as bases sólidas da investigação científica por detrás das vacinas. Para Rosalia Vargas, Presidente da Ciência Viva - Agência Nacional da Cultura Científica e Tecnológica, “o sucesso desta campanha foi óbvio não só pelo seu alcance direto mas como também pela sua pegada digital através da criação de uma página web e um vídeo, co-desenvolvido pela comunidade científica e pelas equipas da Ciência Viva. Estes materiais digitais ofereceram informação abrangente sobre o desenvolvimento, ciência e segurança das vacinas contra a COVID-19, sendo que esta campanha colaborativa conseguiu verdadeiramente contribuir para o aumento da já existente confiança dos cidadãos portugueses na ciência e, particularmente, na saúde.”

Margarida Saraiva, líder de grupo no i3S no Porto e presidente da Sociedade Portuguesa de Imunologia entre 2018 e 2021, concluiu que “ser presidente da SPI durante a pandemia foi um grande desafio devido ao aumento súbito do interesse de todos por imunologia e, em particular, por vacinas. Assim, poder responder às perguntas e tranquilizar a sociedade sobre a segurança e eficácia das vacinas contra a COVID-19 foi uma missão muito importante. Foi um privilégio fazer parte desta campanha e poder ver o envolvimento da comunidade científica portuguesa, com a adesão de colegas da Imunologia às Neurociências.”

 

A distinção da IUIS e da EFIS, que defendem os benefícios da investigação na área da Imunologia, reforça ainda mais o papel da campanha na promoção da confiança e da compreensão entre a comunidade científica e a sociedade. O SPI agradece a todos os envolvidos, e à EFIS e à IUIS por terem reconhecido este esforço colaborativo.