Investigadora da NOVA Medical School recebe bolsa HFSP para estudar a dinâmica do genoma

11-jun-2025

A professora e investigadora principal do Laboratório de Degeneração e Envelhecimento da NOVA Medical School, Sandra Tenreiro foi distinguida com uma prestigiada bolsa de investigação do Human Frontier Science Program (HFSP), que apoia investigação inovadora e interdisciplinar na área das ciências da vida. O projeto visa perceber como o ADN se organiza no núcleo das células e como possíveis disfunções nesta organização podem ter implicações patológicas. 

O estudo, intitulado "Dancing genomes - mapping chromatin's material properties with retinal development & disease" e coordenado por Michael Robson do Max Delbrück Center for Molecular Medicine (Berlim, Alemanha), reúne uma equipa interdisciplinar de especialistas, incluindo Sandra Tenreiro (NOVA Medical School, Portugal), Anders Hansen (MIT, EUA) e Davide Michieletto (University of Edinburgh, Reino Unido).

O projeto visa descobrir como as propriedades físicas da cromatina - a estrutura que organiza o ADN - afetam as suas funções biológicas. A capacidade da cromatina para se dobrar, deslocar e reorganizar é essencial para a regulação dos genes e a reparação do ADN, mas o seu comportamento enquanto líquido, sólido ou gel é pouco conhecido. Isto deve-se ao facto de ser extremamente difícil observar os movimentos da cromatina em células vivas e a várias escalas.

Para responder a este desafio, a equipa vai aproveitar um fenómeno natural observado nos bastonetes - um tipo de célula fotorrecetora na retina, a parte do olho responsável pela visão - de mamíferos noturnos como os ratos, onde a organização da cromatina é invertida para otimizar a visão em ambientes de pouca luz. Esta caraterística celular rara fornece um modelo único para observar os movimentos e as propriedades físicas da cromatina em tempo real. Os investigadores utilizarão ferramentas genéticas, imagens de alta resolução e modelos computacionais para analisar a dinâmica da cromatina em células da retina de ratinho e em organoides da retina humana, com potenciais implicações para doenças como a degenerescência macular da idade.

“É uma honra receber este prestigiado prémio do HFSP, que apoia investigação inovadora e de alto impacto nas ciências da vida", afirmou Sandra Tenreiro. "Esta é a primeira colaboração entre os nossos quatro laboratórios e, para a nossa equipa da NOVA Medical School, representa uma oportunidade empolgante para explorar uma questão científica pertinente junto de investigadores líderes mundiais", acrescentou a investigadora.

No futuro, espera-se que este reconhecimento abra novas portas para a colaboração com a NOVA Medical School e aprofunde a compreensão de como os nossos genomas funcionam, com possíveis ramificações para o desenvolvimento e doenças da retina.