PATHS OF IMPACT | FILIPA LYNCE
Filipa Lynce está na lista dos “Melhores Médicos de Boston”, nos Estados Unidos da América, para 2025 – compilada anualmente pela revista Boston.
Formada pela NOVA Medical School, a profissional de saúde é médica oncologista no Dana-Farber Cancer Institute, onde dirige o “Inflammatory Breast Cancer Program”.
Paralelamente, Filipa Lynce é ainda professora assistente de na Harvard Medical School - para além de também ver doentes no Brigham and Women’s Hospital.
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Como descreve a influência da sua formação na NOVA Medical School para o percurso que a levou até ser reconhecida como uma das “Melhores Médicas de Boston” em 2025?
Quando concluí a minha formação na NOVA Medical School, tinha uma grande curiosidade em experimentar como seria o treino médico nos Estados Unidos. Após alguns anos no Hospital Curry Cabral e uma breve passagem pelo IPO de Lisboa, essa vontade levou-me a Washington DC, e em 2020, ao Dana-Farber Cancer Institute em Boston, onde exerço atualmente. Ao longo deste percurso, cuidar dos meus doentes e oferecer-lhes as melhores terapias tem sido sempre a minha prioridade, um compromisso que estabeleci durante os meus tempos da faculdade.
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Enquanto diretora do “Inflammatory Breast Cancer Program” no Dana-Farber Cancer Institute, quais são os principais desafios de liderar uma área tão específica e exigente da oncologia?
O Cancro da Mama Inflamatório é uma forma rara da doença, que se estima que represente apenas 2 a 3% de todos os diagnósticos de cancro da mama. No entanto, está associado a uma taxa de mortalidade desproporcionalmente elevada. Liderar um programa dedicado a uma doença rara implica fomentar colaborações com outros centros nos Estados Unidos e a nível global, envolver ativamente grupos de doentes afetados com a doença e, sobretudo, sensibilizar agências que investem em investigação – públicas e privadas – para a importância de investir numa doença que afeta um número relativamente pequeno de pessoas. O progresso alcançado nesta área não só tem o potencial de melhorar a vida destes doentes, como pode abrir novas perspetivas no conhecimento e tratamento de outras doenças oncológicas.
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Como equilibra os papéis de médica no Dana-Farber Cancer Institute, professora assistente em Harvard e investigadora? Em que medida cada uma destas funções contribui para a sua visão global da medicina?
Para mim, é precisamente a conjugação destas diferentes funções que torna tão gratificante o lugar onde me encontro. Cuidar dos meus doentes foi, desde o início, a principal motivação para seguir medicina. Paralelamente, a investigação clínica e translacional permite-me contribuir para avanços científicos que possam ter impacto para alem dos meus doentes. O contacto clínico com os meus doentes, e as questões que dele emergem constituem, sem dúvida, o motor que desencadeia a maioria dos meus projetos de investigação.
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Este prémio da revista Boston é uma distinção de grande prestígio. O que significa, para si, alcançar este reconhecimento como médica portuguesa formada na NOVA Medical School?
Eu tenho um enorme orgulho na formação que recebi na NOVA Medical School. Eu vim para os Estados Unidos há 17 anos para continuar a minha formação e, desde cedo percebi que trazia uma preparação diferente da maioria dos meus colegas. Senti que tinha uma grande capacidade de resolver problemas e de criar empatia com os meus doentes, competências que reconheço terem sido moldadas de forma decisiva pelos anos de formação na NOVA Medical School.
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Que conselhos gostaria de deixar aos atuais estudantes da NOVA Medical School que ambicionam uma carreira internacional e de impacto na medicina?
Acredito que a formação que estão a receber é completa e oferece-vos bases sólidas para abraçar qualquer desafio a que se sintam chamados. O mais importante é descobrirem aquilo que verdadeiramente vos apaixona, porque é essa motivação que vos dará a força necessária para ultrapassar os obstáculos que inevitavelmente surgirão ao longo do caminho. Mas as ferramentas que necessitam para virem a ter sucesso em qualquer país ou contexto, vocês já as estão a adquirir agora. Aproveitem cada professor, cada rotação, cada interação clínica, porque são essas experiências que vos moldarão como médicos e seres humanos.
Filipa Lynce
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