Livro Antigo

A coleção de livro impresso antigo da Biblioteca da NMS é composta por 352 obras em 376 volumes, entre os anos de 1690 e 1900.

A exposição deste espólio decorreu entre 27 de fevereiro e 31 de março de 2023 e no dia 29 de março o Professor Pedro Soares Branco fez uma breve apresentação sobre a histório do livro médico.

Trata-se de um conjunto de obras com diferentes proveniências, uma vez que a sua entrada na instituição se formalizou, na grande maioria, através de doações de particulares que integram as coleções especiais: Coleção Professor Celestino da Costa (329 obras), Coleção Professor Jacinto Simões (10 obras), Coleção Professor António Saragoça (6 obras) e Coleção Professor António Rendas (4 obras).

Há ainda três obras que foram oferecidas por particulares e que estão integradas na coleção geral da Biblioteca.

O livro mais antigo é do século XVII (1690) e é português, 18 são do século XVIII e 333 foram impressas no século XIX. Alguns possuem carimbos, assinaturas, dedicatórias e notas manuscritas e ex-libris.

Sendo a Medicina a principal temática, é possível destacar as áreas da Prática da Medicina, Patologia, História da Medicina, Fisiologia, Histologia, Microscopia, Sistema Nervoso, Anatomia e Cirurgia. Porém, podem também referir-se a Botânica ou a Zoologia.

 

Clique aqui e fique a conhecer o Catálogo de Livro Impresso Antigo da Biblioteca da NOVA Medical School.

 

Brochura

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Testemunhos

Apresentação da Exposição

Professora Doutora Helena Canhão

Diretora da NMS

Autores e Obras Portuguesas

Professor Doutor António Rendas

Diretor da NMS (96-07) e Reitor da UNL (07-17)

 

Prática da Medicina

Professor Doutor Roberto Palma dos Reis

 

O Livro Médico

Professor Doutor Carlos Filipe

Coordenador do Mestrado Integrado em Medicina

Psiquiatria e Saúde Mental

Professor Doutor Manuel Gonçalves Pereira

 Docente NMS | Professor Associado com Agregação | Investigador Principal (CHRC)

           Foi com agrado e orgulho, enquanto professor da nossa Faculdade, que tomei conhecimento da exposição ‘Os Grandes Males e os Grandes Remédios’, dedicada ao livro impresso antigo na colecção da Biblioteca. A exposição patenteia à comunidade académica um rol de documentos preciosíssimos para a História da Medicina.

Na área da Psiquiatria e Saúde Mental, destaco obras de pioneiros da Psiquiatria portuguesa, como Júlio de Matos (‘Manual de Doenças Mentaes’, ed. 1984) ou Miguel Bombarda (‘A biologia na vida social’, ed. 1900). Recordo ter sido Bombarda a organizar, no então novo edifício da Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa (actual sede da Faculdade de Ciências Médicas), um evento excepcional à época: o XV Congresso Internacional de Medicina, em 1906.

A nível internacional, predominam contribuições da Escola Francesa, proeminente na nosografia durante grande parte do século XIX. Deixo algumas sugestões, estando a primeira relacionada com Jean-Marie Charcot (‘Leçons sur les Maladies du Système Nerveux. Faites à la Salpêtrière’, ed. 1875). Trata-se de uma colectânea das lições deste Neurologista, recolhidas e publicadas por Bourneville. Charcot marcou também a história da Psiquiatria, contando por discípulos muitos clínicos ilustres, como Freud. A Salpêtrière, ainda hoje hospital parisiense de renome mundial, permanece no nosso imaginário pela pintura alusiva a uma destas lições, em 1887. A história pode ser revisitada em Archives of General Psychiatry.

Mencionaria também três obras de Henry Maudsley, grande vulto da Psiquiatria inglesa da transição de novecentos para o século XX. No âmbito forense, ‘Le crime et la folie’ (ed. 1874) e ‘Responsibility in mental disease’ (ed. 1879, no original inglês) retomam temas caros ao Autor, lançando as bases da perspectiva dimensional (não categórica) do binómio doença/saúde mental: ‘Insane persons in asylums: how much they ressemble and how much they differ from sane persons…. The Borderland: no distinct line of demarcation between sanity and insanity. Continuity in nature…’. Merece igual referência a ‘Physiologie de l’esprit’ (ed. Francesa, 1879), da colecção do Professor António Rendas. Esta obra, cujo título em português corrente seria ‘Fisiologia da mente’ (mind), é hoje um clássico.

Uma nota sobre Maudsley e a sua circunstância. Figura longe de consensual, deixou uma marca indelével na história da Psiquiatria britânica. Presidiu à Medico-Psychological Association, futuro Royal College of Psychiatrists, e foi o primeiro Editor do Journal of Mental Science, que originou o British Journal of Psychiatry. Preconizou um ‘hospital moderno’ para ‘tratar casos agudos e curáveis’, evitando ‘portas fechadas e internamentos compulsivos’ e estimulando a investigação clínica. Assim, foi ele próprio o benemérito que ajudou a financiar a construção do Maudsley Hospital, instituição londrina que celebra agora 100 anos. Este hospital veio a assumir enorme relevo, assistencial e simbólico. Quase ao lado, o Institute of Psychiatry - seu ‘irmão’ dedicado à investigação – foi a alma mater de nomes ilustres que impulsionaram a Psiquiatria Social e Comunitária e estudaram a ‘desinstitucionalização’ na segunda metade do século XX. O Instituto integra hoje o King’s College London.

               O meu profundo agradecimento à Equipa da nossa Biblioteca pela oportunidade única de conhecer estes tesouros. Afinal, estão aqui mesmo ao nosso lado.

18/3/2023

Manuel Gonçalves Pereira

 

Infográficos

#1 Sobre a Coleção

#2 Autores e Obras Portuguesas

#3 Pratica da Medicina

#4 Anatomia

#5 Cirurgia

#6 Fisiologia

#7 Patologia | Histologia | Microscopia

#8 Sistema Nervoso | Saúde Mental

 

Apresentação sobre a História do livro médico, pelo Professor Doutor Pedro Soares Branco, no dia 29 de março 2023