Pequenas moléculas de RNA envolvidas na progressão da insuficiência cardíaca

Investigadores da NMS identificaram ligações entre moléculas importantes para os mecanismos moleculares da insuficiência cardíaca

José António Belo e José Inácio

Investigadores do laboratório de investigação Células Estaminais e Desenvolvimento da NMS, coordenado por José António Belo, identificaram cinco pequenas moléculas de RNA (miRNA) envolvidas na progressão da insuficiência cardíaca, bem como as as respetivas interações com os seus alvos moleculares, outro tipo de RNA chamado RNA mensageiro (mRNA), num trabalho colaborativo com a Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), o Centro Hospitalar Universitário São João (CHSUJ), e com o Instituto de Biomedicina (iBiMED) da Universidade de Aveiro.

Para este estudo os investigadores da NMS usaram biópsias de tecido cardíaco obtidas durante cirurgias ao coração de pacientes que sofrem de um tipo de insuficiência cardíaca particular, denominada insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada (HFpEF) realizadas no CHSUJ/FMUP.

José Inácio, investigador pós-doutorado e primeiro autor do estudo, explica que “com estas amostras a equipa preparou livrarias genéticas de mRNAs e de miRNAS que foram sujeitas a uma técnica de sequenciação de RNA de nova geração para identificar as interações miRNA-mRNA, ou seja, as interações entre as pequenas moléculas de ARN (miRNA) e os seus alvos moleculares (mRNA). Os resultados da sequenciação foram analisados por investigadores especializados em bioinformática do Laboratório de Medicina do Genoma, iBiMED, Universidade de Aveiro, liderados por Gabriela Moura, que identificou várias interações potenciais miRNA-mRNA. Estas interações foram posteriormente validadas experimentalmente para confirmar quais destas são relevantes para a progressão da HFpEF”.

Para além disto, os investigadores da NMS também descobriram que estas moléculas de miRNA podem ser utilizadas como biomarcadores para detectar e monitorizar diferentes subgrupos de doentes com HFpEF, o que pode contribuir no futuro para o desenvolvimento de terapias inovadoras direcionadas a cada doente particular, numa abordagem de medicina de precisão no tratamento da insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada.

José Belo, salienta a importância deste trabalho e que "o avanço do conhecimento nesta área é crucial uma vez que atualmente, a insuficiência cardíaca afeta cerca de 65 milhões de pessoas em todo o mundo, sendo uma das principais causas de mortalidade, de morbidade, de consumo de recursos de saúde e a principal causa de hospitalização e incapacidade entre os mais idosos”

 

Fernando Cristo, Miguel Pinheiro, Gabriela Moura, Adelino Leite Moreira

Este estudo, resulta de uma colaboração entre a NOVA Medical School, o iBiMED da Universidade de Aveiro, a FMUP e o CHSUJ no âmbito do Projeto NEDTDIAMOND, coordenado pelo Professor Adelino Leite Moreira da FMUP e do CHSUJ, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia no âmbito dos Projetos de Atividades Conjuntas (PAC).

 

Artigo original publicado na revista científica Biomedicines pode ser consultado aqui.