Laboratório de Alisson Gontijo participa em nova caracterização neuronal de Drosophila

Os animais têm formas específicas de escapar ao perigo externo. E um estudo colaborativo releva agora que existem sinais promovidos por moléculas libertadas por neurónios para fazer com que larvas da mosca da fruta (Drosophila melanogaster) escapem de estímulos externos nocivos.

02-dez-2021

Alisson Gontijo, investigador principal do laboratório de Biomedicina Integrativa do CEDOC-NMS, fez parte deste esforço colaborativo entre várias instituições que incluíram as Universidade de Bona, Hamburgo e Duke, entre outros centros de investigação. “Resolvemos o circuito neuronal que medeia a deteção de luz nos neurónios ao componente do circuito do sistema nervoso central que distingue a luz de outro estímulo que as larvas consideram perigoso: o toque” diz Alisson. 

“Mostramos que os neurónios hub Dp7 respondem diferencialmente a cada estímulo, e essa diferença consiste na secreção seletiva de diferentes neuropéptidos: sNPF ou o peptídeo semelhante à insulina 7 (Ilp7), para a resposta ao toque ou à luz, respetivamente” continua. “Tanto o Ilp7 quanto o Lgr4, um recetor acoplado à proteína G, são necessários para a resposta de aversão à luz e apresentamos dados funcionais e bioquímicos consistentes da interação de ambos”.

Descortinar estes circuitos neuronais complexos é uma grande vitória à qual acrescem outas descobertas igualmente importantes. Neste estudo liderado por Peter Soba, do Limes Institute em Bona, o grupo de Alisson – que incluiu Ednilson Varela e Fabiana Herédia - esteve particularmente envolvido naquilo que o investigador chama a “desorfanização” do recetor Lgr4. Est recetor é similar a recetores humanos que reconhecem a relaxina, um péptido neuromodulador com estrutura similar à da insulina: “As vias de sinalização da relaxina são altamente conservadas na evolução e têm sido implicadas em muitas doenças humanas, incluindo doenças neuropsiquiátricas, como depressão e ansiedade. Este estudo adiciona ao conhecimento de que relaxinas de invertebrados estão envolvidas no controle de comportamentos inatos, sugerindo que a Drosophila é um modelo muito mais valioso do que se pensava anteriormente para compreender o papel desta via de sinalização e doenças humanas a ela relacionadas”.

O estudo foi publicado na revista Current Biology com o título A neuropeptidergic circuit gates selective escap ebehavior of Drosophila larvae está disponível aqui.